terça-feira, 17 de maio de 2011

PRÓLOGO

   Em uma pesquisa, cinco cientistas franceses descobriram que podiam aprimorar a engenharia genética. Com técnicas ainda mais modernas eles manipulavam o DNA de uma serpente proteróglifa e transplantaram seu gene para o DNA de um rato para criar um ser que não existe na natureza. Um mutante.
   O rato era sempre mantido sobre análise, em uma das observações eles notaram surgimento de escamas na face e na calda do animalzinho e suas pupilas ficaram elípticas. Era curioso o modo de como o pequeno roedor se movimentava para se aproximar de outro rato, vagarosamente ele chegava perto, até que o atacou e devorou.
   Com os resultados da pesquisa aprovados, eles queriam testar em humanos para criar pessoas resistentes a quaisquer doenças e ajudar aquelas com câncer. Conversavam entre si sobre os efeitos colaterais da mutação em humanos, se agiriam como o rato a seu segundo instinto. O rato mutante sem raciocínio foi guiado pelo seu segundo instinto, o de serpente. Os humanos com sua inteligência podem ser capazes de controlar a transformação psicológica e evoluir para uma fase que poderá surgir transformações diferentes. Mentais e físicas.
   O teste feito com sucesso criou ambições em dois dos cientistas, um deles foi contratado para roubar os dados da pesquisa para um gangster, o outro roubou a fim de ficar com todo o credito do trabalho. O gangster começou uma perseguição pelo o que tanto queria. O cientista não tinha descanso, aonde ia , era encontrado.
   Brasil, seu local de refugio, o ultimo lugar no mundo onde seria perseguido. Lá fundou uma clinica, onde realizava experimentos genéticos com humanos, seus únicos alvos eram as grávidas que não sabiam que em seu ventre havia um bebê mutante.
   Eles foram crescendo e passando seus genes mutantes hereditariamente, às vezes nem sabiam que tinham dons, outros usavam para ganhar vantagem dos simples humanos. Espalharam-se pelo mundo, convivendo na sociedade sem ela saber de suas existências. Parecem invisíveis, mas estão aí, até mesmo de baixo de seus narizes. 
1










 Gustavo Rodrigues não consegue dormir pensando no primeiro dia de aula no ensino médio, na possibilidade de encontrar pessoas como ele.
  Levantando-se da cama, ele dirige-se até o corredor do 2º andar para respirar melhor. A brisa gélida batia na sua pele branca clareada pela lua, a maré cheia batia com força no cais de arrimo enquanto refletia o luar.
  Lá fora nem um pensamento que Gustavo pudesse ouvi-las, provavelmente as pessoas de Perimirim já deviam estar dormindo, com exceção de algumas que estavam nos bares.
_ Se eu não tivesse desistido dois anos e meio, eu estaria no 2º grau com a metade dos meus amigos._Disse ele, após ter bocejado._ Estou me precipitando, estudar no Augusto Correa não deve ser tão difícil... Só o risco de eu surtar com pensamentos de varias pessoas na minha cabeça.
  A idéia o deixou triste.
  Com sono, ele caminha para dentro de seu quarto que estava escuro, deita-se na cama e pensa no que sua avó tinha lhe dito, há sete anos.
  Dona Améllia cruzou a sala e o encontrou ali imóvel.
_ Guto, vai ficar com dor de cabeça se continuar fazendo isso._Disse ela mesmo sabendo que Gustavo já estava com dor de cabeça.
  O garoto parecia estar mórbido olhando da janela de vidro para as pessoas que passava na rua. Ele olhou para aquela senhora que estava sentada no sofá, seus cabelos castanhos estavam ficando grisalhos e sua pele estava enrugando-se mais.
_ Desde que horas você está aí?_Disse Gustavo enquanto Améllia o chamava gesticulando seu dedo em um vai e vem.
  Améllia esperou seu neto sentar-se primeiro para poder responder.
_ Não faz muito tempo. É engraçado que sua audição não funciona quando usa seus poderes dessa forma. Acredito que isso possa mudar com o tempo.
_ Vovó, por que eu não consigo ler mentes como você?_Perguntou o garoto pesarosamente.
  Sua avó pegou-lhe a mão e disse olhando em seus olhos:
_ Escuta Guto, um dia você vai conseguir, eu vejo muito potencial em você. Será mais forte que eu.
_ Como mais forte? Para eu poder ler mentes é preciso que eu toque na pessoa desejada._Gustavo pôs a mão na cabeça sentindo a dor aumentando, então continuou._ Toda vez que faço como você, minha cabeça dói como se eu estivesse forçando minha mente.
  Améllia sorriu enrugando mais seu rosto e disse:
_ Seu bobinho, você tem apenas 10 anos por isso sua mente não agüenta muita pressão. Ao contrario de mim, você vai crescer. Seu poder vai crescer. Conseguirá controlá-los, e não se esqueça que tem o dom de seu avô.
_ Por falar no vovô, onde ele está?
_ São 6h05 da manhã, o que acha que ele está fazendo?_Disse Améllia, olhando seu relógio de pulso dourado_ Alias, você vai fazer o mesmo quando tomar uma aspirina.
_ Obrigado vovó._disse Gustavo subindo as escadas com sua avó.                    
  Irritada, Luciane anda apressada pela Praça 28 de março para distanciar-se de Alex, que a perseguia. A praça e a rua passar-se-ia por desertas se não fosse por uma garota que estava disposta a atropelar qualquer coisa que surgisse na sua frente_ ela usava uma calça jeans escura e uma blusa verde escura com detalhes cortados na manga_ e um garoto que começou a segui-la desde que saira da Praça da concha acústica.
 Parando de andar, ela fala abruptamente num tom alto:
_ Por que não para de me seguir, Alex?
  O alcançado, ele fala com a cara fechada:
_ Será que é tão difícil me agradecer? Eu salvei sua pele.
_ Agradecer pelo o quê? Estava tudo sobre controle, eu não precisava de sua ajuda.
_ Não seja ignorante Luciane, sabe mais que eu, o que aquele cara iria fazer com você.
   Aquelas palavras atingiram-na em cheio. Luciane foi pega com a guarda baixa pelas palavras; As palavras doem. 
_ Cala a boca Alex, você não é mais meu namorado e nem meu guarda-costas. Afinal de conta eu sei me defender sozinha.
  Alex baixou o tom para o que ele ia dizer fosse apenas audível para Luciane.
_ A única defesa que você tem é a sua habilidade, a qual você renega.
  Luciane olhou em volta conferindo, se realmente estavam sozinhos. Voltando-se para eles, ela fala:
_ Se não parar de falar, verá o contrario, pois só uso minha habilidade na hora certa.
  O garoto soltou uma risada estridente e disse:
_ Você quer dizer que quando aquele cara estava agarrando-a a força, não era hora certa?
_ Claro que não._Disse ela, quase sem jeito_ Espera aí. Eu não lhe devo satisfação alguma.